Inércia de Galileu
Um pouco da história da Inérica
FÍSICA MODERNA
Antes de nos embrenharmos nas revolucionárias ideias de Einstein vamos dar um pulinho no passado para fazermos referências a grandes cientistas.
No século XVII, Galileu Galilei lançou as bases para uma compreensão revolucionária do movimento. Suas ideias, que hoje conhecemos como a relatividade do movimento, desafiaram as concepções estabelecidas e abriram caminho para a revolução científica que moldou o mundo moderno.
As contribuições desse pensador, revolucionárias ao desafiarem dogmas arraigados, romperam com as concepções aristotélicas que dominavam o pensamento científico há séculos.
Galileu Galilei, com sua abordagem experimental e sua mente curiosa, foi um dos primeiros a questionar as noções tradicionais sobre o movimento. Por meio de suas observações minuciosas e experimentos, Galileu formulou a ideia de que o movimento é relativo, ou seja, depende do ponto de referência a partir do qual é observado.
Para entendermos o início dessa história imaginemos uma situação na qual náufragos se abrigaram em uma pequena ilha no meio do oceano após o acidente no mar. Presos a ilha, aguardam o resgate.
Um pequeno avião pretende soltar um saco de mantimentos para alimentar as pessoas. Ele voa em linha reta com velocidade constante. Considere também que não haja ventos e que o ar esteja perfeitamente em repouso. Em certo momento, o barbante que prende o saco ao avião será cortado e ele começará sua descida. Isso significa que o saco de mantimentos será abandonado do avião e, não, lançado ou arremessado.
Pense um pouco antes de responder mentalmente e continuar a leitura: para que o saco de mantimentos caia sobre a ilha ele deve ser solto antes, sobre ou depois dela?
Se você respondeu que a sacola deve ser abandonada quando o avião estiver passando exatamente sobre a ilha, provavelmente, no século XVI você seria um defensor do modelo geocêntrico do universo. Mas, como assim? Vejamos...
O livro "Sobre as Revoluções das Esferas Celestes" de Nicolaus Copernicus, publicado em 1543 postulava que o Sol era o centro do sistema solar. Essa obra desafiou a visão geocêntrica predominante, que afirmava que a Terra era o centro do universo, e estabeleceu as bases para a revolução científica que viria a ocorrer nos séculos seguintes.
Um dos fortes argumentos a favor do modelo geocêntrico era o seguinte. Se a Terra realmente estivesse girando em torno de seu próprio eixo um objeto lançado verticalmente para cima não retornaria a mão do arremecedor, pois enquanto ele estiver em movimento de subida e descida, a Terra teria girado fazendo com que o objeto atingisse o piso em outro ponto. Isso, de fato, não ocorre. Então, a Terra obrigatoriamente está em repouso.
Mas o que isso tem a ver com o exemplo do avião? A noção de Inércia que parece simples, mas não é nem natural ou intuitiva, está envolvida nos dois casos.
A velocidade de um corpo tende a permanecer com ele, a menos que alguma força possa alterá-la. Como a sacola está presa ao avião ela possui a mesma velocidade do avião e permanecerá com ela após o barbante ser cortado. A partir desse momento a sacola terá dois movimentos: o verical (para baixo) e o horizontal (para frente).
Da mesma forma, quando um objeto é lançado verticalmente sobre a superfície da Terra, ele não perde a velocidade que ele já possui devido ao movimento de rotação da Terra sobre seu próprio eixo. Logo após o lançamento ele passará a realizar dois movimentos: o vertical (para cima e para baixo) e o horizontal (para frente). Por isso os corpos lançados verticalmente caem de volta a mão do arremessador, mesmo considerando o movimento da Terra.
Essa ideia de Galileu contradizia a visão aristotélica de que os corpos em movimento tinham uma natureza intrínseca e que o repouso era o estado natural das coisas. Por isso, foram necessários mais alguns anos até que essas questões fossem plenamente compreendidas.
No próximo post entenda de vez o que significa dizermos que o movimento é relativo.
Sequência de posts em direção à teoria de Relatividade de Einstein